Desde seu lançamento através do espetáculo “A Ópera do Malandro”, a canção “Geni e o Zepelim”, de Chico Buarque, vem sendo constantemente interpretada por atores e atrizes cisgenero. Com uma canção que ilustra de forma poética e ainda atual as realidades de milhares de travestis ao redor do país, fazem-se necessárias novas interpretações com atrizes transvestigêneres. É daí que parte este escopo, como uma forma de retratar a canção de forma mais contemporânea, atual e, sobretudo, representativa.
Através da linguagem de videoclipe, o roteiro do filme trabalha com duas narrativas simultaneamente: a da canção, retratada através da letra, e outra original, ilustrando o dia a dia de uma travesti em 2021. O clipe se passa em 3 locações: o Minhocão, um banheiro público e uma boate. Uma nova versão da instrumentação traz para a parte musical vertentes do pop, hip hop e trap brasileiro.
As realidades e vivências travestis ainda possuem pouco espaço em todos os âmbitos sociais. No teatro musical brasileiro, Geni é uma das raríssimas personagens travestis que existem, e sua canção tema, “Geni e o Zepelim”, se consagrou como uma das mais famosas e interpretadas da obra. É necessário dessa forma promover novas discussões acerca da canção, abordar as atuais vivências trans-travestis brasileiras e expandir as possibilidades de linguagem e representatividade.
Olivia Lopes tem 29 anos, é atriz, travesti, cantora popular e publicitária. Iniciou seus estudos nas artes dramáticas aos 19 anos, no Teatro Escola Macunaíma. Deu continuidade aos seus estudos por meio de oficinas, workshops, cursos livres, e trabalhos independentes, de forma que também pode estudar e vivenciar atuação em vídeo, manipulação de bonecos e dublagem. Participou de uma adaptação musical de “O Despertar da Primavera”, de textos épicos como “Terror e Miséria no III Reich”. Em 2019, integrou a Cia Líricas, como continuidade do curso de múltiplas linguagens do SESI, onde co-escreveu e atuou como a deusa Hera na peça “Pelo Amor da Deusa”, texto de comédia que satiriza os mitos gregos, revelando seu caráter sexista e muitas vezes misógino. Em 2021 fez parte das atrizes, da terceira versão, do experimento cênico online, “Ensaio Sobre a Solidão”, que narra as aflições de quatro pessoas de identidade feminina, em meio ao isolamento da pandemia. Gravou o curta “Diálogos do Fim do Mundo”, com a personagem Marcela, também travesti, em cenário pós-apocalíptico. Integrou o elenco do musical Brenda Lee e o Palácio das Princesas, produzido pelo Núcleo Experimental, com direção de Zé Henrique de Paula e texto de Fernanda Maia.
Sobre Guilherme Gila – Direção e Montagem
Guilherme Gila, são-bernardense. Cineasta formado pela Universidade Anhembi Morumbi; Músico pelo Instituto de Ensino Artístico André da Silva Gomes; pós-graduado em Música & Imagem pela Santa Marcelina. Iniciou na Direção Audiovisual ainda na faculdade, em 2018, quando foi vencedor do Edital “Juventude Vlogueira”, do Ministério da Cultura e SAV, produzindo ao lado de Luis Fernando Rodrigues o canal “Sessão Popular”, e dirigindo todos os episódios (além de uma indicação ao prêmio Intercom 2019). Trabalhou com Direção de Atores para teatro através de aulas de Teatro ministradas no Colégio Ábaco e na Access International School, além do musical “Cruella – Um Novo Musical” (2018) e do espetáculo “Operação Rematrícula” (2019), estes com mais ênfase em Direção Musical. Também fez casting e preparação de elenco nos curta-metragens “Mamãe Tem um Demônio” e “Um Poema Alvoroço”, além de trabalhar na mixagem de som de ambos os filmes. Em animação, fez o casting e também sound design para “Nunca Mais Me Vi”(2020), e também deu voz original para o cão Aloísio na minissérie animada são-bernardense “Bom Garoto” (2020). Em 2021 participou do primeiro Festival Paulista de Teatro Musical, com a leitura de “Dom Casmurro – o musical”, o qual leva suas composições e direção musical. Atualmente segue na equipe criativa de peças de teatro e curtas-metragens. Trabalha como produtor musical, compositor, podcaster, roteirista, diretor e diretor musical.