A artista gaúcha Viridiana reflete sua identidade de modo aberto na poética e poderosa “menina”. O single, disponível em todas as plataformas de streaming via PWR Records e Natura Musical, antecipa o álbum “Transfusão” e retrata sua experiência enquanto pessoa transgênero sob a perspectiva de que toda expressão de feminilidade acaba por ser, de certa forma, construída. A máxima feminista “não se nasce mulher, torna-se” ganha outra roupagem no single de Viridiana quando a artista discorre sobre como precisou “ser a sua própria dinastia”. “menina” é uma reflexão não só sobre gênero, mas também sobre família, legado e principalmente sobre ter a coragem de viver de forma autêntica, independente das expectativas que a sociedade impõe.
Assista ao clipe “menina”: https://youtu.be/V0rryjMPAaU
Ouça “Menina”: https://links.altafonte.com/menina
Viridiana é o projeto artístico de Bê Smidt, multiartista trans e pessoa não-binária de Porto Alegre. Mesclando referências da canção brasileira com a música pop e eletrônica dançante, Viridiana canta sua vivência se camuflando nos sintetizadores e se descobrindo na voz. A música surgiu de um exercício de composição na guitarra (o primeiro instrumento que a artista aprendeu a tocar) num período em que Viridiana passava por um bloqueio criativo.
“Acho que foi esse retorno a um passado da minha vida que fez surgir a frase ‘se eu tivesse nascido menina, o meu nome seria…’. Eu escolhi Viridiana por isso, era um nome que a minha mãe queria dar pra mim ‘se eu tivesse nascido menina‘. Quando acabei, eu nunca achei que lançaria ela, me parecia uma canção inacabada, por ir tão direto ao ponto. Deletei o projeto e deixei passar. Quando a Bel_Medula e a Rita Zart (diretoras artísticas) entraram na jogada e pediram pra eu mostrar tudo que tinha composto em 2020, me lembrei dela e choramos juntas. Era a última música do disco, que dizia tudo que as outras camuflavam em metáforas. Aqui era direto ao ponto, direto ao coração”, conta.
O projeto foi deixado de lado e a faixa acabou perdida entre backups. Na hora da produção do disco, a artista recuperou apenas o arquivo MIDI da canção. Ou seja: da mesma forma que todas as mulheres, pessoas trans e não-binárias precisam se reinventar diariamente, ditando suas próprias regras e criando suas próprias narrativas apesar dos papéis de gênero, a artista fez renascer “menina” a partir de um esboço incompleto.
A canção ganha um clipe montado pela própria Viridiana, onde veste figurinos criados a partir do upcyling de roupas que eram de mulheres da sua família. A homenagem às mães, tias e avós, que são figuras tão importantes na criação do que entendemos como “ser menina”, também aparece na letra da música em diversos momentos. Num mundo onde corpos que fogem do padrão cis-branco-masculino sofrem violências diárias, ser dona da própria narrativa e se permitir criar é um ato de rebeldia imensa. A resposta de Viridiana às tentativas de lhe colocar numa caixa pré-definida é inventar a sua própria definição de feminilidade.
Viridiana produz e compõe todas as suas músicas em seu home studio, sintetizando seus sons e suas verdades. Isso se reflete na releitura do pop brasileiro setentista e oitentista com um olhar contemporâneo que marca o álbum “Transfusão”, antecipado pelos singles “3×4” e “Expectativa”.
Assista a “3×4”: https://youtu.be/v6MwEtG3FWM
Ouça “Expectativa”: https://smarturl.it/ViridianaExpectativa
O lançamento chegará através da PWR Records, um selo musical e produtora de eventos focados na difusão e promoção dos discursos femininos como potências criativas, não um gênero musical ou tendência de mercado. O álbum de estreia de Viridiana tem patrocínio do Natura Musical, que garantirá a finalização, gravação e lançamento do disco.
Viridiana foi selecionada pelo edital Natura Musical, por meio da lei estadual de incentivo à cultura do Rio Grande do Sul (Pró-Cultura), ao lado de Dessa Ferreira, Pâmela Amaro, Circuito Orelhas, Gravina DasMina e Feijoada Turmalina, por exemplo. No Estado, a plataforma já ofereceu recursos para 39 projetos até 2020, como Filipe Catto, Tem Preto no Sul, Borguetti e Yamandu, Zudizilla, Sons que Vem da Serra e Thiago Ramil.
“A música propõe debates pertinentes, que impactam positivamente na construção de um mundo melhor. Acreditamos que os projetos selecionados pelo edital Natura Musical podem contribuir para a construção de um futuro mais bonito, cada vez mais plural, inclusivo e sustentável”, afirma Fernanda Paiva, Head of Global Cultural Branding.