Depois da homenagem a Rolando Boldrin (2022), o grupo Casuarina promove uma viagem musical ao começo de sua carreira, iniciada em 2001, no álbum “Retrato”, que chega às plataformas digitais dia 8 de novembro (Biscoito Fino). O trabalho resgata a boa e velha prática da pesquisa de repertório, redescobrindo sucessos esquecidos e pérolas pouco exploradas por seus intérpretes e autores originais. Agora na formação de trio, o grupo carioca reuniu sambas que marcaram época e foram importantes para cada de seus integrantes, numa costura a seis mãos do repertório final.
Décimo primeiro na discografia do Casuarina, “Retrato” conta a participação de três convidados que entendem do riscado: Marina Iris, Péricles e Zeca Pagodinho. A cantora carioca e o mestre Zeca gravaram dois sambas garimpados pelo trio: “Cataclisma” e “Velhos Tempos”, respectivamente.
Selecionado por Gabriel Azevedo (voz, pandeiro, percussão), “Cataclisma” é de autoria de Catoni e Valquir, dois compositores da Baixada Fluminense. “Quando ouvi este samba pela primeira vez fiquei impactado pela letra, que é muito atual e tem forte conteúdo político. Além da letra forte, a pegada melódica lembra um canto de capoeira, cheio de ancestralidade”, conta Gabriel. O convite para Marina Iris participar nesta faixa foi uma consequência natural. “Pensamos em uma cantora negra, uma mulher forte, com histórico político, e a Marina tem todas essas características. A escolha casou perfeitamente”, finaliza o vocalista do Casuarina.
Ícone do samba de São Paulo, Péricles imprimiu o vozeirão e a elegância característicos na versão de “Coração Feliz”, do repertório de Beth Carvalho. “Malandro sou eu”, outro clássico gravado pela madrinha do samba, entrou na lista de Rafael Freire e permaneceu no álbum: “Essa música me remete ao final da década de 1990, quando o pagode invadiu a Zona Sul. Passei a frequentar as rodas de samba da região ainda moleque, com 16 anos, ao lado de amigos de colégio que viriam a ser colegas de ofício. Sempre tive vontade de gravá-la”.
Outro achado de “Retrato” é “Amarguras”, parceria de Zeca Pagodinho e Cláudio Camunguelo, originalmente gravada pelo Fundo de Quintal. “Cem Anos de Liberdade”, clássico samba-enredo da Mangueira, ganhou arranjo delicado, que foge da estética habitual do estilo. Bebendo na fonte de Jovelina Pérola Negra, o Casuarina foi buscar o samba “Catatau”, de aguçada crítica social, além de extremamente atual.
Já “Retrato cantado de um amor “(J. Roberto / Adilson Bispo) foi selecionada por João Fernando (arranjos, bandolim, violão tenor, cavaco e vocais): “É um samba belíssimo, eternizado pelo cantor Reinaldo, que dialoga com o segmento do pagode. Insisti para que entrasse no disco, sempre achei que ficaria bonito na voz do Gabriel. Fiz o arranjo pensando em valorizar a melodia, e a gravação ficou incrível: acredito que seja um dos destaques do novo álbum”.
“Retrato” celebra a maturidade do Casuarina, que completa 23 anos de trajetória fazendo o que mais gosta: resgatando canções esquecidas e rememorando grandes sucessos.
Sobre o Casuarina
O grupo nasceu em 2001, em meio ao processo de revitalização do bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Foi ali, nos bailes da vida, que o projeto Casuarina teve início, revirando o baú da música popular brasileira.
O começo de carreira culminou na gravação do primeiro disco do grupo, “Casuarina” (2005), indicado ao Prêmio da Música Brasileira e ganhador do extinto Prêmio Rival, concedido pela tradicional casa de shows carioca. Depois de lançar dois trabalhos de grande sucesso – “MTV Apresenta: Casuarina” (2010) e “10 anos de Lapa” (2012) -, além de projetos autorais como “Certidão” (2007), “Trilhos/Terra Firme” (2011) e “7 (2017), o Casuarina prestou homenagem ao saudoso Rolando Boldrin em 2022, com o álbum “O samba está na moda”.
Casuarina é: Gabriel Azevedo – voz, pandeiro, percussão João Fernando – arranjos, bandolim, violão tenor, cavaco, vocais Rafael Freire – cavaco, vocais
Repertório e ficha técnica 1 – Coração Feliz (Adilson Bispo / Marquinho PQD / Gerson Do Vale)
Feat. Zeca Pagodinho 6 – Retrato Cantado de um Amor (Adilson Bispo / Zé Roberto) 7 – Malandro Sou Eu (Arlindo Cruz / Franco / Sombrinha) 8 – Cem Anos de Liberdade (Alvinho / Jurandir / Hélio Turco)
Produzido por Casuarina Gravado, mixado e masterizado por Lucas Ariel nos estúdios da Biscoito Fino. Assistente de Estúdio: Wallace Ferreira Foto: Jorge Bispo Design de capa: Leliene Rosa Figurino: Joanna Ribas
Músicos participantes: Gabriel Guinther – bateria João Faria – baixo Mafram do Maracanã – percussão Pedro Holanda – violão de 7 cordas Fabiano Salek – percussão na faixa 8 Fábio Queiroz – banjo nas faixas 1, 2, 4, 6 Elisa Addor, Beatriz Coimbra, Pedro Holanda – coro