Somando à sonoridade que uniu ancestralidade e contemporaneidade no single “Bombogira”, o coletivo musical-teatral Clarianas retorna com seu terceiro álbum de estúdio, “Xirê”. O projeto oferece uma reinterpretação de pontos e orins, trazendo um olhar único para as interseções sonoras do Brasil e da mãe África.
Depois dos álbuns “Girandêra” (2012) e “Quebra Quebranto” (2019), Clarianas está de volta com uma proposta diferente. O grupo de cantadeiras urbanas baseado na Grande São Paulo e liderado por Naruna Costa, Martinha Soares e Naloana Lima investiga a voz da mulher ancestral na música popular do Brasil. Para tal, o grupo conta ainda com a participação dos musicistas Carla Raiza, Jackie Cunha, Mauricio Badé e Augusto Iuna.
“Nosso novo álbum inaugura o 1º disco do grupo com canções não autorais, voltadas aos Orixás. Uma seleção de 7 faixas que formam um repertório de releituras de orins – canções ritualísticas das línguas caboclas e yorubá, com um tratado de linguagem erudita. Trazemos nossas vozes unidas ao arranjo sofisticado do Giovani Di Ganzá, que une tambores às cordas da viola caipira, violino, baixo e rabeca. Um disco cheio de axé!”, as artistas comemoram.
A ilustração da capa do álbum faz parte da história que Clarianas está contando neste projeto. Ela foi criada a partir de uma série de pinturas em bolachas de madeira com ilustrações de pessoas-baobás. O trabalho visual busca estabelecer diálogos com a memória herdada e viva, e sua conexão com a natureza. Quem assina a arte é o mineiro Lucas Lopes, cuja pesquisa e produção artística se debruçam sobre os diálogos que a imagem pode estabelecer com o mundo, quando atravessada pelos campos possíveis da poesia e da metáfora.
Em “Xirê”,Clarianas explora as canções ritualísticas das línguas caboclas, portuguesas e iorubás, esta última sendo uma língua do oeste africano falada na região do Golfo de Benin. As músicas apresentadas no trabalho são parte integrante da pesquisa realizada por Mário de Andrade, arquivadas no Folclore da Discoteca Municipal do Estado de São Paulo. Esta iniciativa não apenas preserva, mas também revitaliza as preciosas tradições musicais que formam a base da identidade cultural brasileira.
O grupo Clarianas tem em sua formação três núcleos distintos. Por isso, o trio vocal lidera com suas vozes, enquanto as cordas, incluindo viola caipira, baixo elétrico, violino e rabeca, adicionam uma dimensão climática à música. Este formato de trio é uma homenagem às tradições musicais africanas, onde a presença de três berimbaus em rodas de capoeira e três atabaques em rituais de terreiros é comum, simbolizando a conexão espiritual e musical.
Tudo para buscar uma jornada através das raízes profundas que unem o Brasil à sua herança africana. Ao capturar a essência das tradições orais e rituais, Clarianas busca oferecer uma experiência sonora que nos leva de volta às bases da identidade brasileira. O álbum é, ao mesmo tempo, uma evolução natural para o grupo e uma proposta inovadora na sua carreira até aqui. “Xirê” está disponível em todas as plataformas de streaming via Fervo/ybmusic.
Crédito: Sergio Fernandes
Ficha técnica
Clarianas – Xirê
Pesquisa e arranjos: Giovani Di Ganzá
Vozes: Martinha Soares, Naloana Lima e Naruna Costa
Baixo: Augusto Yúna
Violino e rabecas: Carla Raiza
Viola Caipira: Giovani Di Ganzá
Percussão e Efeitos (caixa do divino, alfaia, caxixis, agogôs, maracás, prato e ferros): Jackie Cunha
Gravado por: Diego Techêra e Filipe Edmo no Estúdio Fervo e YB
Mixagem e Masterização: Diego Techêra
Direção de estúdio e Direção Musical: Naruna Costa
Produção Musical: Naruna Costa e Giovani Di Ganzá
Produção Geral: Washington Gabriel
Assistente de Produção: Martinha Soares
Lançamento: Selo Fervo Produções /YB
Fotografia Single Bombogira : Washington Gabriel
Arte Visual do Single Bombogira: Cawê Tumbi
Fotografia álbum Xirê: Sergio Fernandes
Vídeos álbum Xirê: Ingrid D’ Ávila
Arte Visual da Capa do álbum Xirê: Lucas Lopes
Comunicação e mídias: Camomila Produções
Assessoria de Imprensa: Daniel Pandeló Corrêa – Build Up Media
Figurinista : Claudia Schapira
Costureira: Cleuza Amaro da Silva Barbosa
Realização: Clarianas e Grupo Clariô de Teatro
Agradecimentos: Mãe Yara, Diego de Oxossi, Ju Dias, Yasmim Martins todos os Guias e Orixás que protegem este trabalho. Aos ancestrais que lutaram para permanecer viva a cultura de terreiro e que fizeram com que essas canções chegassem até nós. Motumbá!