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Sérgio Ricardo, 90 anos: série de eventos celebra a obra e o legado do ícone da música e do cinema

Música

Sérgio Ricardo, 90 anos: série de eventos celebra a obra e o legado do ícone da música e do cinema

Sérgio Ricardo faria 90 anos em 2022. Múltiplo, compôs, cantou, roteirizou, pintou, atuou, fez do povo brasileiro poesia, imagem e melodia em diversas formas de expressão. Para celebrar a sua obra e o seu legado na cultura brasileira, a Cacumbu Produções e o acervo Sérgio Ricardo Memória Viva apresentam o projeto “Memória Viva! Sérgio Ricardo 90 anos”, uma celebração aos 90 anos do artista, com ocupações de espaços apresentando sua vasta obra. A primeira delas, gratuita e dirigida por João Gurgel, filho caçula de Sérgio Ricardo, acontece em dois finais de semana seguidos, no Teatro do Vidigal, do grupo Nós do Morro – começando na data do aniversário de Sérgio, 18 de junho, até o dia 26. A segunda ocupação, dirigida por Marina Lutfi, a filha do meio, será nos cinemas Estação Net Rio e Botafogo, de 12 de julho a 27 de setembro, em parceria com o diretor e produtor Cavi Borges. Ambas contam com a programação de mostra completa da obra cinematográfica de Sérgio Ricardo, shows, performances e instalações sobre o acervo, com depoimentos inéditos de artistas e críticos como Beto Brant, Silvio Tendler, Guti Fraga e Hernani Heffner.

 

“Queremos falar, mostrar, cantar, celebrar Sérgio Ricardo de forma múltipla, como sua obra. E convidamos todos que o admiram a fazer o mesmo. Mais pessoas merecem conhecer, se identificar com Sérgio Ricardo”, diz sua filha, Marina Lutfi, diretora do projeto Sérgio Ricardo Memória Viva.

 

Destaca-se na programação, o show “Sérgio Ricardo Memória Viva”, montado exclusivamente para a celebração, com as interpretações de Marina Lutfi e João Gurgel. O espetáculo musical, cujo repertório engloba canções de toda discografia do compositor, conduz o público a um passeio biográfico pelos principais momentos da carreira de Sérgio Ricardo, contextualizados por textos extraídos de falas do próprio artista.

 

Em ambas as ocupações, o ator e diretor do grupo Nós do Morro, Marcello Melo, irá comandar o sarau Palco Livre, nome inspirado no projeto criado por Sérgio em Niterói nos anos 2000, em apresentações poéticas e musicais com convidados especiais.

 

Na ocupação do Vidigal – totalmente gratuito – o bloco de carnaval ?Só Jesus Salva?, integrado pelos mesmos da equipe de realização do evento, entoará os clássicos Esse Mundo é Meu, Vidigal, Enquanto a Tristeza Não Vem, entre outros, com muita alegria para encerrar a primeira edição do evento “Memória Viva! Sérgio Ricardo 90 anos”.

 

Obra plural, contestadora e atemporal 

 

Nascido João Lutfi, Sérgio Ricardo (1932-2020) é um multi-artista brasileiro, original da cidade de Marília (SP). Muda-se para o Rio de Janeiro nos anos 1950, onde trabalha como crooner, ator e apresentador de televisão e participa da fundação da Bossa Nova, ao lado de João Gilberto e Tom Jobim. Nos anos 60, Sérgio lança seu primeiro e premiado filme “O Menino da Calça Branca” (1961), com montagem de Nelson Pereira dos Santos e fotografia do irmão Dib Lutfi, unindo-se então ao Cinema Novo resultando também na parceria frutífera com Glauber Rocha. Nos anos 70, mergulha ainda mais nas questões do povo brasileiro e passa a expressá-las em todas as suas artes. Questiona e resiste à ditadura militar, sofrendo censuras e boicotes do regime, pecha maldita que marca sua obra até os dias de hoje. Jamais parou de lutar e produzir música, cinema, poesia, livro, peça, pintura.

 

Em julho de 2020, aos 88 anos, Sérgio Ricardo parte, deixando a todos nós seu verdadeiro legado: a paixão pela cultura do povo e a necessidade de debater e expressar as “fomes”, desejos e vontades de nosso país.

 

Sérgio Ricardo e o Vidigal

 

A relação de Sérgio Ricardo com o Vidigal é antiga. Em 1978, quando comprou seu barraco, Sérgio fez de sua morada um verdadeiro ponto de encontro para a união de forças contra a tentativa de remoção da favela. Fez as pontes políticas entre o morro e o asfalto, trazendo o deputado Délio dos Santos e o advogado Sobral Pinto para defenderem a causa. Com essa união, conseguiram uma liminar em poucos dias, interrompendo o processo que pretendia transferir os moradores para um conjunto habitacional em Antares (Santa Cruz).

 

Após a vitória contra a remoção, Sérgio Ricardo produziu o projeto Tijolo por Tijolo, que se tratava de um festival com artistas consagrados, na intenção de angariar fundos para comprar materiais de construção e reformar as casas da comunidade, que antes eram feitas de madeira e sem banheiro nos seus interiores. Devido a essa história de união, o Vidigal foi escolhido pela igreja católica, para receber a visita do papa João Paulo II, pouco tempo depois.

 

Essa experiência foi suficiente para que o artista criasse uma identificação atávica com o lugar e fizesse dessa relação, fortes laços com os moradores e suas lutas. Laços tão fortes que geraram nós, como a parceria com o grupo Nós do Morro, quando realizou o sonho de transformar Bandeira de Retalhos em peça teatral em 2012 e no longa produzido pelo Canal Brasil, seis anos depois. Sérgio assina a direção do filme que conta a história da remoção do Vidigal, com a participação de Antônio Pitanga, Osmar Prado, Benvindo Siqueira, e de talentos estelares do grupo Nós do Morro, como Babu Santana, Marcello Melo, Kizi Vaz e o próprio Guti Fraga. João Gurgel, filho caçula de Sérgio, também atua e canta no filme, participou dos últimos projetos da carreira de seu pai, produziu o seu álbum solo “Conversação de Paz, um tributo a Sérgio Ricardo”, e agora está na direção da primeira ocupação deste ano de comemoração, no grupo Nós do Morro.

 

Como apoiar o projeto

 

O projeto busca apoio para desenvolver a sua programação até o fim do ano. Para ajudar, saiba mais em https://linktr.ee/sergioricardomemoriaviva  

 

Programação de junho do projeto “Memória Viva! Sérgio Ricardo 90 anos”:

 

Ocupa Nós do Morro – Teatro do Vidigal

Endereço: rua Dr. Olinto de Magalhães, 16.

 

Dia 18 de junho, sábado

17h – Sessão 1 – Exibição do curta “Menino da Calça Branca” (1961) e do longa “Esse Mundo é Meu” (1964), ambos de Sérgio Ricardo

19h – Instalação audiovisual Sérgio Ricardo Memória Viva, realizada pela Iracema Filmes

20h – Palco Livre com Marcello Melo e convidados  

 

Dia 19 de junho, domingo

15h – Instalação audiovisual Sérgio Ricardo Memória Viva, realizada pela Iracema Filmes

16h – Sessão 2 – Exibição do curta “Cacumbu” (2016), de Daniel Paes, e do longa “Juliana do Amor Perdido” (1969), de Sérgio Ricardo

18h – Exibição de clipes: “Zelão”, animação de Sérgio Ricardo; “Conversação de Paz”, animação do álbum de João Gurgel e “Barravento”, clipe do álbum de Marina Lutfi

 

Dia 25 de junho, sábado

17h – Sessão 3 – Exibição do curta “Na Rota do Vento” (2019), de Victor Magrath, Marina Lutfi e Cavi Borges, e do longa “A Noite do Espantalho” (1974), de Sérgio Ricardo

19h – Instalação audiovisual Sérgio Ricardo Memória Viva, realizada pela Iracema Filmes

20h – Show Sérgio Ricardo Memória Viva, com João Gurgel e Marina Lutfi  

 

Dia 26 de junho, domingo

15h – Instalação audiovisual Sérgio Ricardo Memória Viva, realizada pela Iracema Filmes

15h40 – Sessão 4 – Exibição do curta “Pé sem Chão” (2014) e do longa “Bandeira de Retalhos” (2018), ambos de Sérgio Ricardo

18h – Show de encerramento com o bloco Só Jesus Salva

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